RETRATO NO CREPÚSCULO (Angelina Nikonova / 2011) Marina, uma assistente social em meio à crise da meia-idade, é estuprada por policiais. Ela busca vingança. Quando finalmente encontra o homem que deu início ao dramático evento, ela decide usar suas habilidades profissionais ao invés de armas comuns. |

RETRATO NO CREPÚSCULO

por Valdeci Oliveira

Marina (Dihovichnaya) é uma mulher audaciosa e arrogante que frequenta a alta sociedade. Ela dedica grande parte de sua vida ao seu emprego, tudo para fugir da tediosa vida conjugal que leva ao lado do marido ausente. Como assistente social seu trabalho lhe permite conviver com o lado mais obscuro da mente humana. Tudo isso a leva a um doloroso vazio existencial. Após sofrer um assalto ela é socorrida por três policiais que lhe oferecem ajuda. Ao entrar na viatura é violentada e estuprada pelos três homens. Esse primeiro ato do filme dá o tom do que está por vir. É para lembrar que o cinema russo é assim, sem concessões e para os fortes. Ela resolve esconder o fato do marido, porém inconformada usa sua influência e seus contatos e acaba descobrindo a morada de um dos seus agressores. Ela o segue, invade sua casa e quando todos pensam que partirá para a vingança, ela se joga nos braços de seu algoz e faz sexo com ele. Uma,duas, três, várias vezes, compulsivamente. O que parecia óbvio, não é o que irá acontecer, afinal é bom lembrar, estamos falando do cinema russo. O longa de estreia da diretora Nikonova (com roteiro escrito junto com a própria atriz) escancara as multi facetas de um ser humano, não necessariamente as melhores ou de fáceis compreensão, nos faz mergulhar num mundo onde não existe a compaixão, onde o homem é presa da própria armadilha, onde os sentimentos vêem acompanhados de agressividade, da dor pela dor , do flagelo, da submissão. Marina mergulha na obscuridade de sua alma, busca sua redenção e de seu algoz, encontra a fúria no amor. É cinema lento, difícil, dolorido, melancólico, reflexivo. Pode chocar sim, aqueles que pensam que a vida é sempre bela. The Twilight Portrait está aí para provar que nem sempre!

MINHA NOTA: 3 (BOM)